Ana Paula e o futuro próximo próximo

 

A foto, em todo interessante, pela sacada do momento, foi tirada na praia de Deauville sur (les Planches) na Normandia, França, e foi colocada por ANA PAULA UMEDA em seu Facebook.

A manhã é luminosa, o casal passeia, a menina é um somatório dos dois. No entanto, a gente sabe que não é assim, os(as) filhos(as) não são um somatório, são algo independente que, no entanto, tem a sua criação e os seus valores ligados aos pais, além da genética, é claro. Mas isso é outra conversa, o que importa é que o passeio está aí, o sol está maravilhoso e o futuro logo ali.

Quem a conhece ANA PAULA, pode até pensar que você é uma fotógrafa maravilhosa, com uma sensibilidade acima do normal, bastando, para isso, visitar seu excelente blog HOMO VISUALIS, que, aliás, já alcançou mais de 30.000 visitas.

Já eu penso, humildemente, que você é uma poeta, e que suas fotos são poesias ao vento.

Grande abraço,

hILTON

Sebastião errado?

Lá fora no mundo civilizado, este fotógrafo mineiro é considerado por unanimidade um dos grandes mestres da arte da imagem. Há críticos que o descrevem como Ansel Adams, Dorothea Lange e Nick Brandt reunidos numa só pessoa. Já no Brasil…

Genesis-Capa,

Como em qualquer outro assunto imaginável, existe aqui uma divisão tão extrema de opiniões que bem poderíamos estar falando de jogadores, campeonatos e clubes. Só que os grandes fotógrafos e suas obras – espero que você concorde – são temas mais relevantes que o futebol.

E, tal na fotografia como no futebol, pessoas defendem suas opiniões como se “vencer” as disputas com elas fosse o imperativo para validar a própria existência terrena. O que resulta em nunca se chegar a um consenso pacífico sobre nada.

O interessante é que desta vez Sebastião não está sendo polêmico entre os brasileiros pela razão de costume, a ideológica. Não está em foco a antiga acusação de que ele “estetiza e comercializa” a pobreza do mundo, ataque crítico que foi empreendido contra projetos como Trabalhadores eMigrações.

Em sua presente magnum opus, Salgado retorna ao mundo pré-civilização movido por um sentimento de otimismo. Para ele, a ação dos seres humanos, ao mesmo tempo em que é uma praga do planeta, pode ser também a chave para sua salvação.

O conjunto de seu trabalho nos põe a pensar, como fazia antes o pioneiro filme Koyaanisqatsi, que talvez tenhamos assassinado nossa própria alma em troca de uma mera ilusão vaga que batizamos de “progresso”. Um comentário no IMDB dirigido ao filme poderia perfeitamente ser aplicado ao tema fundamental dos ensaios autorais de Salgado:

Enquanto a intrusão do ser humano é apresentada inicalmente como algo profanador e abominável, surge uma simetria na experiência humana que é tão orgânica quanto os fenômenos do mundo natural. Eu estava tentado a enxergar os humanos como a única espécie do planeta que não se encaixa, que a tudo arranca de seu equilíbrio, mas com o passar do tempo ficou aparente que até mesmo a praga trazida pelo homem sobre a Terra é um fenômeno natural. A evolução da vida implica a destruição da vida. O círculo não se interrompe.

Claro que há uma diferença importante: Salgado revela em Genesis um sentido de esperança que falta em Godfrey Reggio. A ideia dele não é mais fotografar a aventura humana com um olhar crítico. Os artigos mencionam que Sebastião ficou tão exausto dessa abordagem que pensou em abandonar a fotografia. Mas existe um outro excelente motivo: já existe muita gente fazendo isso. Já vimos suficientes imagens de usinas atômicas derretendo, cidades explodindo em convulsão social, pássaros marinhos sufocados por camadas de petróleo derramado, bandidos poderosos curtindo a vida impunemente, baleias arpoadas, crianças massacradas, focas espancadas e outras desgraças que nos dão vergonha de sermos o que somos.

Neste trabalho, Salgado retorna ao que havia pronto no mundo antes de nós chegarmos e, teimosamente, insiste em seguir existindo: um “planeta eterno” que talvez possamos ainda recuperar.

Fiquei chateado vendo quanta gente da minha geração (e posteriores) olha as fotos por esporte, buscando “falhas técnicas” em vez de simplesmente absorver a mensagem. Todo mundo sabe que ele tem tratador em Paris; que faz somente a seleção das fotos a partir de contatos impressos; que deixa aos assistentes as orientações sobre o ajuste dos tons. Nisso, aliás, ele não está sendo nada original: o semideus Cartier-Bresson agia precisamente da mesma forma. Sua meta era o ato de obter a imagem; a cópia retocada e ampliada era uma decorrência.

E existe mais um tema de dissensão. Durante o projeto Genesis, Salgado transicionou da película para o sensor digital. Também apareceu gente achando ruim, especialmente porque ele confessou que estava adorando o material digital (gerado na Canon EOS-1D) por ter “mais qualidade” que o analógico. É uma opinião que vai totalmente na contramão do hype, já que a versão dominante é de que o filme de 35mm ainda hoje não teria sido superado pelos pixels. Falar, aliás, qualquer coisa que soe como demérito ao filme é sacrilégio…! Mas aí você vê as ampliações das fotos de Genesis nas exposições e… onde é que dá para enxergar pixels? E quais das fotos são de filme? Importa saber isso? Não importa.

Em sua entrevista mais recente (Roda Viva, na TV Cultura de São Paulo), Sebastião abriu o coração:

É um grande privilégio ser fotógrafo. A profissão de fotógrafo é muito recente. E possivelmente, com a mudança tecnológica, ela chegará a desaparecer. Muitos fotógrafos dizem que são artistas. Eu não sou artista coisa nenhuma: sou fotógrafo. Porque é um privilégio total ser fotógrafo. As oportunidades que você tem de ver, conhecer, participar e ligar sua vida a um momento histórico…!

Existem várias outras coisas em que Salgado não tem nada a ver com nosso colega de papo de bar. Por exemplo: ele fala “negro e branco” em vez de “preto e branco”, por influência europeia.

E daí?

Será que Sebastião Salgado seria “melhor” em alguma coisa se ele se ajustasse ao hype?

Desconfio que a obsessão dos neo-fotógrafos pela técnica mascara uma insegurança profunda, que foi sabiamente analisada pelo polemista norte-americano Ken Rockwell, meu testador de câmeras favorito:

É necessário ser um fotógrafo habilidoso para obter grandes fotos a partir de qualquer câmera. Comprar uma câmera tecnicamente superior não tem nada a ver com fazer fotos melhores. Assim que você desenvolve capacidade para produzir belas fotos com uma câmera, pode fazer o mesmo com qualquer outra. É a mesma coisa com pianos. Um Bösendorfer de cauda pode ser melhor que o piano de armário do bar que você frequenta, mas se você não souber tocar piano não vai fazer música com nenhum dos dois. Qualquer um pode martelar um piano, assim como qualquer um pode clicar com uma câmera. Mas é preciso ser artista para conseguir resultados decentes com um ou com outro. O lado triste disso é que muita gente bem-intencionada acha que a fotografia se resume a comprar uma câmera.

Eis os dois principais desafios à maneira corrente de pensar de inúmeros jovens fotógrafos. 1: O equipamento não significa nada quando não se sabe criar imagens. 2: Fotografar é uma atividade recompensadora em si mesma.

Não é de admirar que exista bastante gente, dentro e fora do meio fotográfico, que não gosta de Salgado. Os princípios expressos acima parecem ser alheios ao que se ensina no dia-a-dia prático da fotografia comercial, que frequentemente é cínico, desgastante, hipercompetitivo e sub-compensatório.

Dizer que fotografar é um privilégio não é a mesma coisa que dizer que “fotografia é arte”, “poesia do olhar” e outras platitudes ridículas que já cansamos de encarar por aí. Quando alguém cai de paraquedas em uma discussão de fórum para repetir esses chavões sobre “arte”, você até pode explicar pacientemente que a fotografia não é uma arte em si, mas determinados usos da fotografia podem ser artísticos – definição que qualquer pessoa inteligente saberá aplicar a todas as linguagens de comunicação. Aí o “wannabe” lê isso e já quer partir pra briga, chamar você de pedante etc. porque ousou contrariar sua “opinião”.

Se alguém não ama a fotografia por sua condição de linguagem capaz de unir os seres humanos, vai desperdiçar o seu tempo procurando poeira no sensor em vez de fazendo belas fotos portadoras de mensagens relevantes.


Salgado conferindo a edição especial da Taschen. Custa até US$ 10 mil, dependendo do kit

livro está disponível em edição “econômica” por um preço bem razoável. E ainda 2em aí o documentário de making of, com assinatura do grande Wim Wenders.

FONTE: http://marioamaya.com.br/blog/2013/09/19/sebastiao_errado/

Veiled Aleppo, by Franco Pagetti

paggeti

No people, no explosions. Just heavy, damped-down, grounded-down city streets. Franco Pagetti‘s images of strategically positioned sheets in the Syrian city of Aleppo is powerful work.

From the VII Photo website:

Sheets line the devastated streets of Aleppo, Syria, acting as shields to obscure Free Syrian Army soldiers from the view of Bashar al-Assad’s security force snipers. Before the war, these sheets served a very different purpose as residents used them for privacy or to protect their homes from harsh weather. “Aleppo’s sheets serve the same purpose: they protect lives,” says Franco Pagetti. “But you’re always aware how fragile they are.”

It would be trite to say that the images look like stage sets and the sheets like backdrops; it evades the seriousness of the sheets’ necessity. It would be more appropriate to liken the sheets to those laid over the face of a body following death; huge covering-veils marking the death of a neighbourhood and its people.

Ultimately though, it is a cruel loop of irony inherent to these images that has me crushed.

Both photography (generally) and Aleppo’s sheets (specifically) are about vision and its manipulation. It is not necessary for these sheets to physically repel a bullet, they just need to negate the ability of a gunman to fire one.

And, even though it is fashionable these days to completely disown the notion that photography has agency to change attitudes, let alone directly change events (it would be insulting beyond measure to suggest photography could stop a war), we clamored for images of the conflict in Syria as it took hold in 2011 and 2012.

For many months, Syria’s war was top of the news-cycle; a surprisingly long time for our current attention spans. I think part of the persistent — almost nagging — interest was the fact that we were involved in debates about the veracity of citizens’ and fighters’ mobile footage. We wanted to know accurately of the events but we were also affronted by the fact “our” named journalists and outlets couldn’t or wouldn’t get into Syria.

Photographers such as Thomas Munita, Rodrigo Abd, Goran Tomasevic, Robert King, Jonathan Alpeyrie eventually got in and showed us the horrifying violence from both sides. Remi Ochlik died while he made photos in Homs in February 2012.

Today, nearly two-and-a-half years on from the start of the unrest, Pagetti’s work is a less frantic look at Aleppo; a look at the battered foundations of a city; at the persistent sadness of conflict; at the pathetic shreds that remain. It’s a requiem.

The sheets are death-masks and the fact they hang so poignantly and that Pagetti’s photographs are so poetic has me doubly crushed.

Adriane Feijó – Uruguay

Tenho o prazer de ser amigo pessoal e ex-colega da Adriane Feijó. Foi trabalhando com seus alunos que ela descobriu, junto com seus alunos, uma vocação a mais, a da fotografia. A partir daí, sensibilizou-os para despertar-lhes a vontade de conhecer a arte de fixarmos momentos, instantes, locais, expressões , através da fotografia.
Ao fazê-lo, não somente contribuiu com a auto-estima dos mesmos como mostrou-lhes, na prática, uma abertura nova e real de possibilidade de trabalho. Quando assim o fazemos, estamos melhorando o mundo. Parabéns, Adri, vamos começar a postar as suas belas composições no GRIOT BALALAIKA.
Vamos viajar!

Abaixo, alguns takes de Adriane no Uruguay, em maio de 2012.  Agora, aproveitemos as fotos e leiamos, em suas paisagens, um pouco da paixão do Uruguay!

HILTON BESNOS